O Enem 2022 em Ibotirama traz uma história de esforço, dedicação e superação. O protagonista é Jucienio de Souza Maia, de 58 anos, morador do centro da cidade.
Por si só, a idade madura já seria um bom exemplo de que nunca é tarde para acreditar nos sonhos e não há limites para a educação. No entanto, outro fator importante chama atenção e torna a saga ainda mais interessante.
Juca, como é conhecido na família, se tornou deficiente visual há dez anos e decidiu voltar à sala de aula depois que perdeu a visão. Antes disso, ele era representante comercial e se dedicava apenas ao trabalho.
Em conversa com Gazeta 5, ele contou que foi convidado para conhecer o Braile – um sistema de escrita tátil utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão – e, a partir daí, sua vida mudou. O aposentando foi alfabetizado, seguiu para o EJA e concluiu o ensino médio.
Decidido a continuar os estudos, o estudante se inscreveu no Enem, solicitou o atendimento especial e começou a se preparar para a prova. O treinamento incluiu diversas leituras, prática de redação e atenção aos temas atuais, como guerra na Ucrânia e crise política.
A realização da prova em Braile foi descrita por Juca como um desafio, mas o apoio da equipe multidisciplinar do município, além da torcida da família, minimizou as dificuldades.
O estreante no exame nacional afirma ter feito uma boa avaliação, está confiante no resultado e quer, com a nota do Enem, entrar na faculdade de Fisioterapia.
A mensagem que Juca deixa é de não desistir, correr atrás, persistir e ocupar a mente. Segundo ele, é preciso viver a inclusão social e enfrentar a vida normalmente.
“Eu faço minhas poesias, tenho meus grupos no WhatsApp, enfrento a vida normalmente. Dos cinco sentidos, eu só perdi a visão”, finaliza, afirmando esperar receber mais uma vez o Gazeta 5 para contar que entrou na faculdade.